segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Nossos amores

Apaixonar-se é amar a si próprio no outro, é se ver refletido e mesmo melhorado no outro, um outro melhor ou pior, mas um outro que escolhemos. Sim, amor implica escolha, ou assim ensinam os moralistas que pregam a imoralidade do homossexualismo. Amor é esgotamento de si pelo outro, é entrega e redenção pelo outro. Amor é sofrimento, é salvação, é dor e prazer. Amor é gozo, é a união dos corpos diferentes, é o esfregar e juntar dos corpos, é o sexo e a violência das fricções físicas. Amor é tendência ao suicídio, estupidez, vazio e certeza de arrependimento. Amor é o que move o mundo, é Deus, é metafísica, é sonolência e estabilidade. Amor é chatice, tédio, é uma fonte de desentendimentos e desacordos, é o caos. Amor é volúpia, é devir, é mudança.

Parece que todos os credos, filosofias e indivíduos tem algo a dizer sobre o amor, seja pra definí-lo ou para confessar ignorância, delimita-lo ou abarcar mais elementos, entre outras coisas. Se tantos dizem tanto e tão diferentes coisas sobre o amor acho que vou arriscar também, vou tentar postar o que penso do amor, como ele foi na minha vida.

Eu pensava no amor como algo bem definido na minha infância. Achava que gostaria de uma garota, ficaríamos juntos e namoraríamos de mãos dadas, era romântico desde essa época. Pensava em flores e passeios seguidos de beijos e pouca chateação, poucas conversas e só olhares. Olhares doces, meigos, cheios de carinho. Isso durou enquanto minha primeira desilusão não me deixou pra trás. Namoro de criança pode ser muito doloroso e te marcar profundamente. Mas por ser mais ingênuo é simples e mais perfeito tanto quanto é mais superficial... será? Hmmmm........

A adolescência já foi mais complicada. Ela viu surgir um todo de preocupações novas e mil obsessões diferentes, aliadas a certos traumas e dificuldades que geram novos traumas, que geram novas obsessões e preocupações idiotas. É normal: na adolescência é que formamos nossas personalidades e é essa época que determinará quem seremos futuramente. Apesar disso minha adolescência virgem, nerd, introvertida e aparentemente falida não foi um completo fiasco. Descobri o amor dos amigos, algo que nunca esqueci e que busco sempre e creio que sempre buscarei.

Mas amei nessa época, lembro bem. Como esquecer? O grande amor da minha vida, como eu gostava de proclamar pomposamente, e que tanto influiu para minha fobia social futura, meu medo de me apaixonar de novo, minhas neuras e tristezas imensas, minha bipolaridade que se alternava com a bipolaridade dos meus sentimentos por ela. Ela foi um vento forte que passou, que marcou sua entrada, delimitou seu território, que manteve seu posto e o manteve muito depois que não estávamos mais juntos. Mas nunca houve amor, houve sim muito carinho e uma dependência minha para com ela e então eu descobri o fosso que sobrava após se perceber a verdade pós-idealização...

Idealizei muito, mais do que gostaria e perdi as esperanças de encontrar de novo algo parecido em outra pessoa, mais duro foi perceber que vivi uma grande mentira, que esperei o que nunca existiu, bom... acho que quando se é sonhador demais é normal se idealizar as pessoas, principalmente o amor. Digamos que fui longe demais nisso e fiquei sem chão quando tudo acabou.. Mas acabou, e acabei entrando em um longo processo de isolamento do qual ainda estou me livrando. Foi difícil e continua sendo mas com o celibato eu esperava pelo menos tirar algum proveito espiritual desse isolamento, dessa tristeza imensa. Mas e quando se percebe que ainda se sente falta dessa sensação gostosa, as borboletas no estômago, que nos dizem que o amor está ali dentro funcionando, tornando tudo muito mais confuso, aterrador, misterioso e maravilhoso?


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